Livros

 


Marilia Pirilo


          
        O Ponto



O livro “O Ponto” , de Peter Reynolds, foi a minha descoberta do ano! Embora tenha sido publicado aqui no Brasil, pela WMF Martins Fontes em 2005, eu só o conheci há poucos meses através da indicação de uma amiga e do book trailer que está no Youtube.
Bem, desde então, este livro se tornou o meu companheiro fiel em várias oficinas, palestras e visitas a escolas. É um complemento ao meu insistente discurso de que não existe certo ou errado no desenho, já que o desenho é uma forma de expressão individual. E, quanto mais original for esta expressão, mais entusiasmo ela causará em quem a vê.  Você já se perguntou porque quando somos crianças todos desenhamos mas, à medida que o crescemos vamos deixando esta atividade de lado? E porque, quando adultos justificamos que não desenhamos mais porque não sabemos desenhar? Será que “desaprendemos”? Ou será justamente a falta de prática e exercício que impediu que o nosso desenho evoluísse ao nível do que nós consideramos bom? Sabemos que a avaliação do que é bonito ou feio em desenho, é absolutamente pessoal e variáve, de acordo com tendências, épocas, sociedades, modismos. Então como julgar? Acho que o que podemos afirmar é que quando um desenho ou pintura nos comove, nos envolve, nos delicia, nos provoca sensações,  devaneios, etc., aí sim temos um bom desenho. Ou seja, o bom desenho é aquele que atiça o nosso olhar e nos provoca. As crianças, sem filtros estéticos, conseguem atingir esta qualidade nas suas produções. Com estímulo e sem críticas, pelo prazer e necessidade de se  expressarem, pela alegria de fazer arte!
O livro “O ponto” pode auxiliar  neste processo pois traz uma narrativa simples sobre como a menina Vashti – que acreditava não saber desenhar – redescobre, com a ajuda de sua professora, a graça, o prazer e a ludicidade do desenho e da pintura como forma de expressão e realização pessoal.
É preciso perder o medo, soltar-se das amarras da auto-crítica e auto censura, descartar os esteriótipos e arriscar: rabiscar, riscar , pintar, colorir, manchar... Enfim: deixar a imagem falar!






 
Os Pássaros
 
Livros de imagens são democráticos. Não ditam uma única história, permitem múltiplas leituras e interpretações. São excelentes  instrumentos para trabalhar com as crianças porque estimulam a criação de narrativas e provocam as palavras. Por isto tudo,  a dica de leitura deste mês é, mais uma vez, um livro de imagens.
Os Pássaros”, de Germano Zullo e Albertine, além de lindo, é vencedor do Prêmio Prix Sorcières 2011 e do The New York Times Best Illustrated Children’s Books 2012.
Eu o conheci em uma livraria de Buenos Aires e me apaixonei. Mais um ponto para os livros de imagem: não precisam de tradução! Depois, feliz, descobri que foi publicado no Brasil pela Editora 34.Que alegria!
Apesar de ser um livro de imagens não é exatamente um livro sem texto. Eu explico: existe um pequeno texto,  distribuído em duas páginas no começo do livro, que serve como uma pequena introdução. É um texto em forma de prosa poética que está ali para abrir os nossos olhos e corações para a narrativa que virá a seguir. Tenho certeza de que o texto serve muito mais aos pais e professores do que às crianças porque elas já tem, por natureza, os olhos e os corações abertos para o mundo e para as história. O texto diz assim:
“... os pequenos detalhes não foram feitos para serem notados. Eles foram feitos para serem descobertos. (...) Os pequenos detalhes são tesouros.”
E, a partir daí, o que se segue é uma linda e singela história, contada através de imagens muito poéticas, sobre um homem, um pássaro, o início de uma amizade e a conquista da liberdade. Boa leitura e bom voo!





HISTÓRIAS DE AMOR E DE BEM-QUERER
 Este mês, assumo o risco de ser piegas, escolhendo dois livros preciosos que falam de amor, de amizade e de bem-querer. Bem-querer ao outro mas, principalmente a si mesmo.
“Léo e Albertina” e “Divina Albertina”, escritos e ilustrados, com beleza e muito humor, pela francesa Christine Davenier e publicados no Brasil pela Editora Brinque-Book, são dois livros que trazem os mesmos personagens (Léo, o porco, e Albertina, a galinha) em dois momentos da sua história de amor, mas surpreendem pela abordagem que foge do convencional.

No primeiro livro Léo está apaixonado por Albertina e não sabe o que fazer para conquistá-la. O porquinho então, pede conselhos ao galo, ao pavão, ao coelho e até ao grande touro que vive na fazenda. No entanto, depois de várias tentativas frustradas de chamar a atenção da ocupada e distraída Albertina, Léo descobre que basta ser ele mesmo, feliz do seu jeito brincalhão e porcalhão para ganhar o coração dela.

No segundo livro, é Albertina que, apaixonada por Léo, busca conselhos com toda a bicharada para se tornar cada dia mais atraente aos olhos do porquinho. São novos penteados, novas plumagens, tratamentos de beleza tantos a ocupar Albertina que ela esquece do mais importante: estar ao lado de Léo. O porquinho preocupado com a aflição da amada lhe repete incansável: “Para mim, você será sempre a mais bela!”. Mas Albertina não escuta e não lhe dá atenção, está voltada só para o espelho. Que pena! Léo entristece.
Tudo o que ele quer é a companhia da namorada... Não se preocupem, o final desta história é feliz, o que importa são as lições sugeridas com sutileza e graça. Tanto para os pequenos como para os pais. Lições importantes e por vezes esquecidas neste mundo apressado em que muitas vezes se valoriza mais a aparência do que a essência, mais o “ter” do que o “ser”, mais o adequar-se do que o ser espontâneo e autêntico.

Na incessante busca da sempre distante  felicidade, esquecemos que o que nos torna pessoas felizes são os pequenos momentos de alegria que temos ao longo do dia e, principalmente, ao lado de quem queremos muito e tão bem.




A primeira palavra de Mara


Eu folheava aleatoriamente alguns livros no estande da nova e foférrima Editora Jujuba, durante o 15º Salão FNLIJ do Livro para crianças e jovens, no Rio de Janeiro, quando “A primeira palavra de Mara” me chamou atenção. A história curta e, bem ilustrada, pulou na minha mão e em poucas páginas me levou ao final surpreendente quando eu, ignorando o público ao redor, explodi em uma longa gargalhada. A editora, que também estava ali presente, sorriu e comentou: “Isto sempre acontece com quem lê este livro”.

E, é por isso, que o escolhi para a coluna de livros do blog da Rádio Maluca. Para indicá-los esta gostosa gargalhada que a pequena Mara e sua “liberdade de expressão” nos provoca no texto escrito por Angel Domingos e ilustrado por Miguel Tanco.

Enquanto os adultos que cercam a pequena Mara alimentam muitas expectativas sobre qual será a sua primeira palavra (um time aposta que será “mamãe”, enquanto os demais torcem e a estimulam a dizer “papai”) seu irmão pequeno, todas as noites, cochicha uma palavra secreta em seu ouvido e depois sai dando risadinhas. Até que, na festa do seu primeiro aniversário, Mara, finalmente, ensaia e balbucia até pronunciar sua primeira palavra. Uma palavra surpresa que não corresponde as expectativas de nenhum dos adultos e que é como um pequeno “grito de liberdade”! Uma palavra surpresa que você só descobrirá lendo a história.
Boa gargalhada!




Meu papai é grande, é forte, mas...
Acho que muitos filhos vão se identificar com esta história de um pai que, todos os dias, reluta em ir para a cama.

“Meu papai é grande, é forte, mas...”, publicação da Editora Girassol, escrito por Coraline Saudo e ilustrado por Kris Di Giacomo é um livro que brinca com a inversão de papéis.

O narrador da história é um menino que todas as noites tem muito, muito trabalho para colocar o pai na cama. Haja paciência! Porque todas as noites o pai usa de vários recursos, desculpas e negociações para poder ficar um pouquinho mais de tempo acordado com o seu filho. Compreensível este desejo. Afinal de contas, os dois passam o dia separados e ocupados. É só à noite que eles podem ficar juntos, conversando, lendo histórias... Mas eles precisam descansar, o filho explica, Parece que papai finalmente vai adormecer mas.. há ainda um outro probleminha... É que papai, apesar de ser grande e forte, tem um medo, um medinho, pequeninho do escuro. É por isso que seu filho sempre deixa uma luzinha acesa quando o põe na cama e lhe dá um beijo de boa noite.






"E SE...



E então, depois que os pequenos já ouviram e já elaboraram as histórias clássicas que você leu e releu muitas vezes, é hora de brincar com as palavrinhas mágicas: “E SE...”
E se quem contasse a história fosse o caçador? E se no final a princesa não quisesse casar com o príncipe? E se o pé de feijão desse abacates? E se a fada madrinha perdesse a varinha mágica?
São muitos os livros que exploram este jogo lúdico criando novas possibilidades e narrativas para as já conhecidas histórias. Usando a imaginação é possível criar novos caminhos e finais que podem ir muito além do “felizes para sempre”! Escolhi, nesta quinzena, três destes livros, apenas para começar a brincadeira:
 

O sapo que virou príncipe – continuação”, da Companhia das Letrinhas. 
E se o sapo, quero dizer, o príncipe encantado, não fosse assim tão feliz ao lado da princesa? E se ele sentisse saudades dos antigos hábitos batráquios? E se ele fosse procurar uma bruxa para reverter o feitiço? Tudo isso acontece nesta versão lindamente ilustrada por Steve Johnson e escrita com muito humor e maestria por Jon Scieszka. Tenho certeza de que as crianças vão adorar e querer mais. Por isso recomendo, do mesmo escritor, outra preciosidade que é “A verdadeira história dos três porquinhos”. Neste livro, com humor e criatividade, Jon Scieska traz a velha história contada pela versão do guloso lobo que parece não ser um sujeito tão mau, mas com certeza, um tipo bem azarado! Ao que parece o pobre coitado foi vítima de uma distorção dos fatos e, este livro, é a sua grande chance de retratação. As imagens instigantes são de Lane Smith, edição da Companhia das Letrinhas.
E, com orgulho, indico também dois títulos nacionais:Chapeuzinhos coloridos”, escrito por José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, traz não apenas uma, mas seis novas versões para a história da menina que cruza a floresta para levar doces à vovó. E se não forem doces? E se o lobo não for o vilão desta história? E se a vovó não estiver assim tão doente e desprotegida? E se a personalidade da menina mudar junto com a cor de sua capinha? Dos mesmos autores “O Patinho Feio que não era patinho nem feio”, traz várias possibilidades para o conto de fadas de Andersen a partir do momento em que o ovo se quebra e de dentro dele sai... A imaginação das crianças é atiçada pela possibilidade dos tantos animais que podem sair de dentro de um ovo e dar um desfecho diferente para este conto. Cheios de humor, estes dois livros publicados pela editora Objetiva são acompanhados de coloridas ilustrações criadas por esta que vos fala! Bom divertimento!



















 “CONTA OUTRA VEZ?”

 Você já leu a mesma história mais de uma dezena de vezes mas seu filho insiste em pedir para repeti-la? Paciência!
Até os seis anos, mas principalmente entre os dois e três anos de idade, é comum que as crianças queiram decorar as histórias. Saber de cor (COR do latim = coração) é saber com o coração, guardar na memória, nos mínimos detalhes.
A repetição é um mecanismo de aprendizado fundamental no desenvolvimento infantil. Através dela as imagens e mensagens de uma história se fortalecem. Com a repetição as crianças aprendem a identificar os personagens e os objetos, a entender as situações e os mecanismos de causa e efeito/ ação e reação, a formar sequências de fatos e, assim, fazer previsões. Estas previsões precisam ser confirmadas com a repetição pois a criança pequena, que ainda não tem noção da passagem do tempo e de futuro, precisa se certificar de que as coisas tem continuidade e podem se repetir da mesma maneira (ainda que no mundo da fantasia). Isto as tranquiliza e conforta. Assim como a nós, adultos, conforta saber que o sol nasce e se põe todos os dias.
Para formar uma pequena biblioteca de histórias que não se desgastam com o tempo e continuam encantando os pequenos, sugiro duas coleções de contos de fadas populares, recontados com maestria e acompanhados de ilustrações alegres e bonitas que enriquecem ainda mais as narrativas. São elas:
A coleção “Lê pra mim”, da Editora FTD, traz vários clássicos recontados pela escritora Ana Maria Machado e lindamente ilustrados por diversos artistas. Em destaque os títulos: “Os três porquinhos”, “João Bobo” e “O veado e a onça”.

Já a coleção “Conta de novo!”, da Editora Salamandra, traz histórias tradicionais recontadas pela escritora Ruth Rocha. Editadas com capricho e belas ilustrações, destaco os títulos: “Os músicos de Bremen” e “João e o pé de feijão”.

Preparem-se para lê-las muuuuitas vezes! 

PATO! COELHO!

 
Coincidência ou não, minha última dica de livro, aqui do blog da Rádio Maluca, tinha um pato e um coelho como protagonistas. Desta vez eu não sei dizer se o personagem deste livro é um pato ou um coelho, porque a brincadeira aqui é exatamente essa.
“Pato! Coelho!”, da Editora Cosac & Naify, escrito por Amy Rosenthal e ilustrado por Tom Lichtenheld que inspirados na tradicional imagem patocoelho, exemplo de ilusão de ótica, criaram o livro que faz uma divertida brincadeira com o leitor: é ele quem decide se o personagem do livro é um pato ou um coelho. O traço deixa dúbio, cada um olha e vê o que quiser. De fundo, página após página, a fala de dois personagens observadores(que não aparecem, ou seja, poderiam ser eu ou você) discutem suas diferentes opiniões. Um deles acredita que o bicho é um pato e o outro tem certeza, mas nem tanto, de que o bicho é um coelho. O maior barato do livro é não trazer uma resposta certa, é deixar a pergunta no ar, em aberto: cada leitor pode ter a opinião e fazer a escolha que quiser. Afinal, no mundo é assim mesmo: somos todos igualmente parecidos e totalmente diferentes, por isso cada um de nós vê as coisas, as pessoas, os lugares e o mundo que nos cerca de um jeito muito particular, um jeito só seu. É essa pluralidade que torna as coisas tão interessantes. Afinal, como já dizia minha tataravó: o que seria do azul se todos gostassem só do amarelo?
Assim, já que LER  é observar para tentar entender e dar significado – seja às coisas, às palavras, às imagens ou às histórias – boa leitura! E a conclusão, é toda sua!

 
"PERTO"

Muitas vezes a enorme, gigantesca e intransponível distância entre duas pessoas pode ser vencida com um simples sorriso, um aperto de mãos ou, ainda, com um pequeno “olá”.
Basta vencer o comodismo, o individualismo ou a falta de comunicação para criar uma oportunidade e construir uma pequena ponte entre você e o outro.
O livro deste mês fala sobre isso. “Perto”, escrito e ilustrado pela argentina Natalia Colombo e publicado no Brasil pela Editora Kalandraka, ganhou o 1º Prêmio Internacional Compostela de livros ilustrados em 2008.
Esse lindo livro traz uma história simples e singela sobre um pato e um coelho. Vizinhos, os dois se encontram todos os dias na rua, no bairro, no parque, indo ou voltando do trabalho, com presa ou sem pressa alguma, faça chuva ou faça sol, os dois nunca, nunquinha falaram um com o outro. Nem um sorriso de bom dia, nem um aceno, nem um pequeno “olá”. Nem nos dias alegres, nem nos dias tristes... Uma pena! Porque, às vezes um grande amigo pode estar ali, do nosso lado, só esperando por uma oportunidade ou uma iniciativa: um simples sorriso ou um pequeno “oi”.
Porque será que algumas vezes é tão difícil romper a distância? Será essa uma dificuldade apenas dos adultos? Creio que não, pelo contrário. Acredito que muitas crianças tem dificuldades em vencer a timidez, o medo da rejeição, o sentimento de não ser interessante para o outro ou o simples dilema do não saber o que fazer ou o que dizer. Uma pena! Porque são esses sentimentos que muitas vezes impedem belas amizades de acontecer. Dar chance ao outro, com o coração aberto, sem orgulho e sem preconceito, é dar chance para as surpresas da vida, as alegrias que elas podem trazer e a alegria de poder compartilhá-las.

 
---
UM DIA NA VIDA DE AMOS MCGEE




Todos os dias o Senhor Amos acorda cedinho, toma seu chá com mingau, veste seu uniforme e pega o ônibus para ir trabalhar. Ele sempre tem muitas tarefas para fazer mas sempre dá um jeito de visitar seus amigos: o elefante, o jabuti, o pinguim, o rinoceronte e a coruja. Isso mesmo! É porque o Sr. Amos trabalha em um zoológico! E ele adora o que faz! Nunca, nunquinha falta ao trabalho! Mas... hoje ele amanheceu muito resfriado e não poderá sair de casa. O que irá acontecer no zoológico? Os seus amigos ficarão chateados esperando por ele? Tristes? Preocupados? E será que o Sr. Amos vai demorar muito para melhorar?
O livro desta quinzena é uma linda história sobre amizade e sobre a importância de dar e receber carinho e atenção. “Um dia na vida de Amos McGee” foi escrito por Philip C. Stead e ilustrado por sua esposa Erin E. Stead que pelas suas belíssimas ilustrações recebeu a medalha Caldecolt da American Lybrary Association de melhor ilustração em livros infanto juvenis de 2011, ano em que o livro foi lançado.
No Brasil a publicação é da Editora Paz e Terra. Se vocês tiverem alguma dificuldade em encontrá-lo nas livrarias, segue o site da editora: www.pazeterra.com.br
Vocês verão que a busca vale a pena! 



---
O LADRÃO DE GALINHAS

 
“Começa mais um dia tranquilo na vida dos bichos da floresta. O galo canta, o coelho abre a janela para deixar o sol entrar, o urso dá um longo bocejo e as galinhas, que já estavam acordadas há tempo, continuam ciscando no jardim. Mas, atrás dos arbustos, escondida, uma faminta raposa esperava para... ZUPT! Roubar uma das galinhas!”
Estas são as minhas palavras, apenas uma das maneiras possíveis de começar a contar a história do livro sugerido este mês: “O Ladrão de Galinhas, da Editora Escala Educacional, um livro sem texto de Béatrice Rodriguez, com imagens tão divertidas e ricas em detalhes que, além da trama principal que conduz a história, os pais e as crianças ainda podem criar e se divertir inventando outras pequenas histórias paralelas. É assim mesmo que deve funcionar o bom livro de imagens: deixar espaço para que o leitor faça suas leituras e monte a sua própria maneira de contar a história.
E, como eu sei que vocês devem ter ficado curiosos para saber o que acontece depois, eu vou dar só mais uma canjinha: “Quando os três amigos: o urso, o coelho e o galo veem a galinha sendo levada pela raposa começa uma implacável perseguição. Juntos eles enfrentarão a densa e escura floresta, vencerão o cansaço e a noite, a fome, as altas montanhas e até mesmo o mar! Tudo para tentar salvar a sua amiga galinha! Mas... quando, por fim, eles alcançam a casa da raposa... todos tem uma bela surpresa!” E nós, leitores, também!


COMO COMEÇA?

 
Você já se perguntou como ou onde ou quando as coisas começam? Às vezes é fácil responder. O ano novo, por exemplo, começa no primeiro dia do primeiro mês do novo ano. Mas, às vezes, a pergunta pode ser bem difícil de responder, por exemplo: “Como começa o vento?” Ou onde? Outro exemplo: “O mar começa ou termina na praia?”

A proposta do livro “Como começa?”, da escritora Silvana Tavano, publicado pela Editora Callis e lindamente ilustrado por Elma, é justamente essa: fazer o pequeno leitor pensar sobre começos, meios e fins. Um desafio filosófico que pode se tornar um jogo muito divertido porque as perguntas, assim como as respostas não acabam! Já dizia minha avó: “Comer e coçar é só começar”. Eu diria mais, diria que “brincar e perguntar é só começar”. E confirmo minha teoria lembrando a famosa “fase dos porquês” pela qual a maioria das crianças passa e que é importantíssima para o desenvolvimento do raciocínio pois é essa curiosidade, essa busca da compreensão do mundo, que a levará a criança a fazer novas descobertas, aguçando sua percepção e sua capacidade de entender que uma pergunta pode ter muitas respostas ou nenhuma. A única coisa certa é que as perguntas dos homens não tem fim, então, não espere mais pois “toda longa caminhada começa com o primeiro passo”, “o pinto começa no ovo”, “a árvore começa na semente” e “pra saber onde as coisas vão dar, só tem um jeito: começar!”.


SENHOR CASACÃO


Em tempos frios, de dias cinzentos e ventos que sopram gelados, em tempos de tirar os casacos e cobertores do armário, eu lembrei de recomendar a leitura 
do livro infantil "Senhor Casacão", escrito por Sieb Posthuma e publicado pela editora WMF Martins Fontes.
"Senhor Casacão" fala sobre frio, um frio que persegue um certo homenzinho que não consegue mais sair de casa por ter medo de congelar. Ele passa seus dias 
tentando se aquecer: bebe chocolate quente, chá, liga todos os aquecedores e estufas da casa, veste todos os casacos que tem, compra muitos cobertores mas, 
o frio que sente, parece vir da sua alma e não passa nunca! Até que certo dia o homenzinho encontra alguém. Um alguém que também sofre de tanto frio quanto 
ele! E, então, juntos, eles descobrem o que realmente aquece a alma e o corpo.
Recomendo ler este livro bem juntinho das crianças, embaixo de uma manta ou cobertor, aconchegados, enroscados ou abraçados,porque o mais importante nos 
dias de frio é aquecer o coração com muito amor e carinho.


---
A ÁRVORE GENEROSA


Motivada pela onda verde que toma conta da cidade do Rio de Janeiro e atrai olhares do mundo todo sobre a importância de pensar e agir para preservar o nosso planeta e a vida na Terra, que tal falar com os pequenos sobre ecologia sem “dar aula” de ecologia? Afinal, nas escolas eles já estão aprendendo e discutindo bastante todo o tema. Que tal, então, falar sobre consciência ecológica de uma maneira sensível e tocante? Com uma linda fábula! A dica da quinzena é o livro “A Árvore Generosa”, de Shel Silverstein, publicado pela Editora Cosac Naify. Através de ilustrações simples e de um texto enxuto, a história nos fala sobre a forte amizade que une um menino e uma macieira. Durante a infância a árvore e o menino são grandes companheiros. Mas, enquanto a árvore, amiga fiel, oferece tudo o que tem para ver o menino feliz, este, cresce e se torna um adulto insatisfeito com a vida, egoísta e interessado em usar a árvore e a sua amizade apenas para satisfazer os seus tantos desejos. Sem lição de moral explícita, a história transmite todos os valores que desejamos ensinar, preservar e relembrar aos nossos filhos e as crianças que fomos, tocando fundo nossos corações o livro é uma lição e tanto sobre ecologia!
 ---
ANÁLIA, NATÁLIA, AMÁLIA


Anália é mãe de Amália que, por sua vez, é mãe de Natália. Complicado, mas simples assim.
Amália cuida de sua filha Natália, mas também de sua mãe, Anália. E Anália, apesar da idade, cuida de Natália e de Amália. Natália, apesar da idade, também cuida – do seu jeito – da sua mãe Natália, da sua avó Anália e da sua boneca, é claro. Porque quem ama, cuida. E dá carinho!

Às vezes, Natália reclama porque sua mãe “cuida demais” dela e não a deixa fazer as coisas sozinha. Anália, às vezes, tem a mesma reclamação sobre a filha... Mas a verdade é que – e as duas sabem bem disso – é muito bom ter alguém que cuide da gente.
A dica de leitura desta quinzena é Anália, Natália, Amália, lançamento da Editora Brinque-Book, escrito por Lorenz Pauli e lindamente ilustrado por Kathrin Schärer.
Uma história que mostra de forma simples e delicada a - por vezes difícil, mas forte e bonita - relação familiar entre três gerações diferentes de camaleões fêmea. Ficou surpreso? Pois é, eu também quando descobri que a palavra “camaleoa” não existe na língua portuguesa!
Ah não é por isso?! Você pensou que a história era com pessoas?! É... tem razão. Bem que poderia ser!

 ---
E O DENTE AINDA DOÍA - De Ana Terra



Aprender a contar pode se tornar uma alegre brincadeira para os pequenos. Seja contando passos, degraus da escada, separando os brinquedos por cor ou grupos, a criança vai se familiarizando com os números. Uma boa história, divertida e cheia de animais fofos – que trabalha a repetição e a seqüência adicionando novos elementos e personagens a cada página – também é um delicioso exercício para ajudá-los nesta etapa.
“E o dente ainda doía”, foi escrito e ilustrado lindamente com recortes e colagens pela jovem autora Ana Terra. Este lançamento da Editora DCL, repleto de rimas e com o texto em letra bastão (para facilitar a leitura daqueles que estão em alfabetização) conta a engraçada história de um jacaré de cartola que, certo dia, lá na mata, não parava de gemer.  Dois coelhos, três corujas, quatro tatus e vários outros bichos vieram em seu socorro – cada um com uma dica diferente pra curar sua dor de dente. Mas, quando o caso afinal foi resolvido não sobrou nenhum amigo pois o jacaré já bonzinho decidiu fazer um lanchinho. Todos os bichos deram no pé: ninguém queria virar almoço de jacaré!


---
  ESPECIAL PARA O DIA DAS MÃES


Em comemoração ao Dia das Mães que se aproxima, escolhi um livro que é um lindo presente tanto para mães quanto para filhos. Escrito por Isabel Minhós Martins, “Coração de Mãe” é um livro sensível que começa explicando assim: “O coração de mãe não é só um músculo que bate sem parar. É um lugar mágico onde acontecem as mais extraordinárias das coisas... ligado a cada coração de filho por um fio fininho, quase invisível.”

Ilustrado de maneira simples e bem humorada por Bernardo Carvalho, “Coração de Mãe” é uma publicação premiada da Editora Tordesilhinhas.

Dedicar um tempinho do dia para compartilhar esta leitura com seu filho, no aconchego de um colo, no sofá macio da sala ou na cama antes de dormir, pode se tornar um daqueles momentos de troca de carinho (e aprendizado sobre a natureza humana) para ser lembrado para sempre. Um momento mágico que faz o pequeno fio que liga mães e filhos se tornar muito mais forte!
---
EM FRENTE A MINHA CASA

 
    É de pequeno que se toma gosto pela leitura. Com a ajuda dos pais e tendo o livro ao alcance das mãos, assim como os brinquedos, a criança desde bem pequena vai aprendendo a manusear este objeto e descobrindo o encanto das histórias. Livros para crianças desta idade têm que ser bons de pegar, de folhear, têm de ser resistentes às brincadeiras e mordidas, têm que ser bonitos e lúdicos. Os bons livros, além de tudo isso, são os que trazem para a criança algo que a faça pensar, que a deixe curiosa e interessada e que a surpreenda e divirta. Pois o "Em frente à minha casa", da WMF Martins Fontes tem tudo isso.
    Quebrando a lógica e saindo do previsível, a autora Marianne Dubuc brinca com texto e imagens simples que fazem o pequeno leitor tentar adivinhar o que vai acontecer e qual será a imagem que está lhe esperando na próxima página. Nessa brincadeira a criança aprende conceitos como "em cima" "embaixo", "ao lado", 'em frente", 'dentro e fora', "pequeno e grande"...  E, o que faz esse livro especial, aprende também como é possível quebrar com estes conceitos – porque o mundo é enorme e a imaginação maior ainda!



Marilia Pirillo  é ilustradora, escritora e leitora voraz. Ministra oficinas de leitura de imagens para professores e coordena os encontros mensais da Confraria Reinações Carioca de leitura de livros de literatura para crianças e jovens. Para saber mais visite: www.mariliapirillo.com

Um comentário:

  1. Divulgo o livro infantil JOÃO AGITADÃO, Ed. Caravansarai, de Lia de Paula Moraes e ilustração de Ney Megale. Além de bonito e divertido contribui para elevar a autoestima das crianças com hiperatividade.
    www.caravansarai.com.br/LivJoaoAgitadao.htm
    www.facebook.com/joao.agitadao

    ResponderExcluir